Em uma cultura obcecada pela eternidade, a arte egípcia conquistou o seu lugar. Entre deuses, faraós e rainhas, reunimos neste passeio sete obras que ultrapassam o tempo e nos deixam pirados. Vem com a gente.
Textos das Pirâmides do Rei Unas (século XXIV a.C) ✍️
Escritos diretamente nas paredes da pirâmide do faraó Unas, em Saqqara, esses hieróglifos eram ditos funerários que guiavam o faraó em sua jornada para se tornar uma estrela entre os deuses. A pirâmide era seu túmulo, mas também o caminho que levava ao céu.
Criada por volta de 3100 a.C., a escrita egípcia evoluiu de pictogramas para símbolos sonoros e abstratos, ganhando status sagrado nas mãos de escribas e sacerdotes. Com o tempo, os textos das pirâmides migraram para sarcófagos e papiros, até caírem em desuso com o declínio do Egito antigo.
Busto de Nefertiti (1345 a.C.) 👑
Descoberto por acaso em 1912 no ateliê do escultor Tutemés nas ruínas de Amarna, o Busto de Nefertiti nunca foi pensado para ser visto por nós, era um estudo, um modelo interno — segundo os estudiosos. E mesmo assim, com suas cores preservadas, é talvez a obra mais famosa de toda a arte egípcia.
Nefertiti, que significa a bela chegou, foi uma rainha e principal esposa do faraó Aquenáton. Sua imagem esculpida revela um ideal de beleza marcado pela simetria do rosto, pescoço esguio, olhos delineados e uma coroa adornada.
Busto da Rainha Tiye (1355 a.C.) 🐍
Mãe de Aquenáton e sogra de Nefertiti, Tiye foi uma mulher muito influente no Egito Antigo. Seu nome aparece em inúmeros monumentos e objetos, mais até do que o de outras rainhas da época.
Nessa escultura entalhada em madeira, ela possui traços fortes e expressão de idade, o que destoa do padrão doce das figuras femininas do período e da beleza idealizada de Nefertiti. Quando descoberta, estava embrulhada como relíquia e os exames revelaram um véu com duas cobras uraeus, símbolo da realeza.
Máscara Dourada de Tutancâmon (1323 a.C.)⚱️
Tutancâmon subiu ao trono ainda criança e morreu por volta dos 18 anos. Apesar de seu reinado curto, tornou-se um dos faraós mais famosos. Isso se deve à descoberta de sua tumba em 1922.
Após anos de escavações no Vale dos Reis, o arqueólogo britânico Howard Carter viu “coisas maravilhosas”. Ele se deparou com uma coleção impressionante de artefatos, incluindo a lendária máscara dourada do jovem rei praticamente intacta. Feita em ouro e incrustada com pedras semipreciosas, a peça representa o faraó como Osíris, deus do além, um símbolo de sua realeza e imortalidade.
Julgamento dos Mortos (1250 a.C.) 🪶
O longo rolo de 24 metros conhecido como Papiro de Ani é um exemplo do que se convencionou chamar de Livro dos Mortos: guias que ajudavam o falecido a enfrentar os desafios do pós-vida. Esses papiros eram encomendados por egípcios de classes altas e envolviam rituais, fórmulas mágicas e representações simbólicas da justiça divina.
Na cena em destaque, o escriba Ani aparece diante dos deuses com sua esposa, prestes a ter seu coração pesado contra a pena de Maat. Se o coração fosse mais leve ou igual à pena, ele seria considerado justo. Caso contrário, era devorado por Ammit, o monstro do juízo final. Com Anúbis supervisionando a balança e Tote anotando o veredito, o julgamento decidia o destino eterno da alma e só os aprovados renasciam sob o sol do paraíso.
O Falcão Hórus no Templo de Edfu (237-57 a.C.) 🦅
Esculpido em granito, o falcão Hórus guarda a entrada do Templo de Edfu como um vigilante sagrado. Nessa obra, forma e função se fundem: ele é tanto estátua quanto força protetora.
Na mitologia, Hórus vinga o pai Osíris e personifica o faraó em vida. No templo construído em sua homenagem, sua forma animal como falcão sintetiza poder. Na cidade de Edfu, Hórus reina não só sobre os céus, mas sobre a própria paisagem arquitetônica.
Retratos de Múmias de Fayum (séculos I a III d.C.) ⚰️
O Egito Antigo teve seu fim com a conquista romana em 30 a.C., encerrando a era dos faraós. Entre os legados artísticos do Egito Romano estão esses pequenos retratos que eram colocados em envoltos funerários na região de Fayum, no norte do Egito. São registros íntimos e emocionantes de indivíduos que viveram há dois mil anos, em uma fusão entre as tradições egípcias de mumificação e o naturalismo greco-romano.
Pintados em madeira com cera quente, técnica conhecida como encáustica, essas figuras têm expressão, profundidade, e parecem olhar direto para o espectador. O oposto do estilo idealizado da arte faraônica, que preferia figuras planas e simbólicas.