2h de arte no Teatro Simões Lopes Neto
Um dia feliz na plateia.
No dia 14 de dezembro, acompanhamos a pré‑estreia da comédia musical Felicidade, escrita por Caco Galhardo e dirigida por Dani Angelotti. O texto foi inspirado pela canção Vai (Menina Amanhã de Manhã), de Tom Zé, e narra a vida de uma jornalista que acorda subitamente feliz sem motivo aparente. A alegria não passa e ela precisa se adaptar a essa nova personalidade.
A montagem mistura teatro, quadrinhos e show musical. Um dos destaques é a participação do prolífico Zeca Baleiro, que assina a direção musical e estreia atuando onde esteve a carreira inteira como cantor. O elenco conta ainda com Martha Nowill, Eduardo Estrela, Luisa Micheletti, Raphael Gama, Willians Mezzacapa e a percussionista Layla Silva.
17h30 – Chegada e café: Chegamos ao Multipalco Eva Sopher meia hora antes do início da peça. Mesmo cedo, a movimentação já era intensa. Em meio a casais e amigos que por ali circulavam, observamos uma intensa presença de jovens entre os espectadores. Uma bela surpresa que indica renovação e diversificação de público.
Antes de qualquer cortina se abrir, aproveitamos para comer no July Pires Coffee & Bakery, café localizado ao lado do Teatro Simões Lopes Neto, dentro do complexo do Multipalco. Entre pães de queijo e uma Coca-Zero, o gasto individual foi de 21 reais.
17h45 – Rituais de aparição: Caminhando pelo foyer, vestidos antigos trajando manequins chamaram a nossa atenção. Curiosos que somos, fomos conferir. Tratava‑se da mostra Rituais de aparição: Ver e Ser Vista. Uma coleção de trajes de gala e objetos delicados que faziam parte dos códigos sociais de quem frequentava teatros entre os séculos XIX e início do XX. Uma exposição em collab o Museu de História Júlio de Castilhos.


17h55 – Primeira impressão: De volta à Felicidade e ao século XXI, faltando poucos minutos para o início, já estávamos acomodados em nossos lugares. Chegamos à plateia com muita facilidade e sem enfrentar nenhuma aglomeração na entrada. Uma entrada sem filas nem pressa.
Nossos ingressos eram na fila L, mas se engana quem pensa que a visão da 12ª letra do alfabeto deixaria a desejar. Localizada imediatamente após o corredor de entrada e a área destinada a cadeirantes, a posição surpreendeu pela ótima vista do palco.
Os assentos acolchoados reforçavam a sensação de conforto. Enquanto esperávamos sentados, uma sensação de névoa, possivelmente causada pela iluminação, pairava sobre o teatro. Efeito que nos capturou por alguns instantes.



18h00 – Felicidade em cena: Antes de subirem ao palco, uma projeção exibia os patrocinadores e os créditos iniciais da peça. A sequência de abertura do vídeo nos colocou no clima do que viria.
Três buzinas soam, silêncio na plateia, a peça vai começar. Enquanto a trama se desenvolve, elementos pop e reflexões surgem: em tempos de crescente depressão no Brasil, como seria se a felicidade desabasse sobre nós?
A resposta vem em forma de humor, música e estranhamento. O espetáculo contagia com atuações cômicas, canções originais e conhecidas, e um texto que, em alguns momentos, flerta com o humor neurótico e reflexivo de Woody Allen. O magnetismo de Zeca Baleiro é imediato em todas as suas aparições enigmáticas, enquanto nos divertimos com a jornada insólita da personagem de Martha Nowill. Mas sem spoilers por aqui.
19h30 – Aplausos: Uma salva de palmas toma conta da plateia praticamente lotada. Elenco e equipe retornam para agradecer. É a primeira exibição de Felicidade, que iniciou por Porto Alegre e deve circular o Brasil, contam os protagonistas. A estreia em São Paulo está marcada para o dia 7 de janeiro, no Teatro Sérgio Cardoso.
Saímos com a sensação de que o teatro ainda é esse lugar raro onde perguntas difíceis podem ser feitas com leveza. Onde rimos, nos reconhecemos e, por duas horas, esquecemos do lado de fora. Não é pouco. É, talvez, exatamente isso que chamamos de felicidade.






