O ano mal começou, mas arrisco dizer: a palavra do ano será verdade.
Estamos no centro dessa discussão. No cenário global, a verdade é colocada à prova nas mídias sociais: seria a permissão das fake news ou o aumento da liberdade de expressão?
No Brasil, ela ronda os gastos secretos do governo. E na sociedade, surge nas conversas sobre inteligência artificial, como no caso do primeiro-ministro britânico, que busca transformar o país em uma “superpotência de IA”, mesmo que isso coloque em risco direitos de propriedade intelectual.
Yuval Noah Harari, em seu novo livro Nexus, derruba a noção ingênua de que mais informação significa mais verdade. Parece lógico, não? Quanto mais dados, mais próximo da realidade.
Mas não é bem assim. Informação não é sinônimo de verdade. Informação conecta, emociona, engaja, mas nem sempre traduz a realidade. Muitas vezes, ela é moldada por narrativas que agradam mais do que esclarecem.
Nietzsche, como sempre, vai mais fundo. Para ele, a verdade é uma metáfora, uma ilusão que esquecemos ser ilusão. Não reflete o que é, mas o que interpretamos para tornar o mundo habitável.
Além disso, a verdade é uma questão de poder: quem domina a narrativa dita o que é verdadeiro e o que é falso.
Mas a verdade que me interessa aqui é outra. Falo da autenticidade. Quem somos de verdade? Qual é a nossa verdadeira história?
Essa busca pelo que é real já mudou nosso jeito de viver. Preferimos atendentes humanos a robôs. Queremos encontros presenciais. Livros físicos. Interações além das telas. E as marcas estão entendendo isso.
O Ralph’s Coffee, da Ralph Lauren, o Dior Café e a Casa Ultravioleta, do Nubank, mostram como o físico voltou a ser um canal de conexão e autenticidade, até mesmo para marcas nativas do digital.
Seja qual for sua definição, uma coisa é certa: a verdade nunca foi tão requisitada quanto agora. Que a gente seja verdadeiro. Como pessoas, profissionais e marcas. Porque ninguém quer a verdade como inimiga.