Sua marca não vale o seu tempo? 🕰️
Report trimestral para entender o valor do tempo em uma marca bem-sucedida.
Em meio a tantos projetos de marca e, principalmente, rebrandings, tenho pensado muito sobre o que realmente faz um projeto ser bem-sucedido. Já falamos sobre o poder da origem e temos os pilares das marcas que vão além muito bem definidos, mas, ao observar tanto internamente quanto no mercado, percebo que um ponto tem se destacado cada vez mais: a entrega e o tempo que o cliente dedica.
O sucesso de um projeto está tanto do lado de lá da mesa quanto do lado de cá. Não estamos falando apenas de responder a briefings ou estar presente em dinâmicas, entrevistas e reuniões — esses são passos essenciais e praticamente obrigatórios. O que realmente faz a diferença é o que chamamos de tempo de investimento.
A construção ou reconstrução de uma marca não é só uma questão operacional, é um investimento estratégico — em tempo, energia e reflexão. Infelizmente, muitos empresários ainda subestimam a profundidade desse processo.
Para alguns, o tempo gasto em pesquisa e definições estratégicas é visto como algo dispensável, e a resistência em investir, seja em tempo ou financeiramente, acaba limitando o verdadeiro potencial do trabalho. Essa visão reducionista faz com que o branding seja tratado como uma questão estética, ignorando toda a estratégia por trás.
O mais curioso é que, mesmo aqueles que não entendem ou não querem investir no processo, costumam valorizar e se identificar com marcas que têm uma estratégia clara e bem definida. Eles reconhecem a força de marcas com uma identidade verbal e visual intencional, que vai além do produto e cria uma verdadeira comunidade de fãs.
Veja o Nubank, que conversa de forma completamente diferente do Banco Safra. Ou a Volvo, que vende segurança, enquanto a Ferrari vende exclusividade. A Renner fala de moda acessível e rápida, enquanto a Patagonia promove sustentabilidade e estilo de vida consciente. Nada disso acontece por acaso — há uma estratégia bem pensada e executada por trás de cada escolha. Tudo foi planejado com intenção.
Por outro lado, há os clientes que, embora convencidos da importância de um trabalho estratégico, não se dedicam o suficiente à análise e à discussão das propostas. E, em alguns casos, isso pode ser ainda pior: investem em algo no qual não destinam a devida atenção ou enxergam valor, tornando o processo praticamente descartável.
Isso pode ser ainda mais prejudicial do que simplesmente não investir nestas etapas, pois aqui o cliente participa sem envolvimento real. A urgência em ver o visual final — ou a falta de compreensão sobre o valor de cada etapa — faz com que definições essenciais sejam ignoradas. E, sem essas definições, a força e o impacto da marca se diluem completamente.
É por isso que nossos processos são, por definição, co-criações. Não adianta só ouvirmos o cliente e entregar algo que achamos certo.
Se fosse assim, o processo seria simples e mecânico. Mas construir uma marca não é uma entrega unilateral — é um trabalho conjunto que exige participação ativa, troca de ideias e reflexão. O envolvimento do cliente adiciona camadas de profundidade ao projeto, tornando o resultado final não apenas tecnicamente correto e único, mas também emocionalmente impactante.
Vamos além. O tempo que o cliente despende para implementar essa marca e posicionamento dentro da sua empresa, e a energia dedicada a refletir isso de forma contínua e coerente, também definirão o quão bem-sucedido o projeto será.
O branding não termina na entrega, ele vive na execução diária e na consistência da mensagem. O verdadeiro impacto de uma marca é percebido quando essa dedicação transcende o processo criativo e se estende para todos os aspectos da operação e cultura da empresa.
Portanto, a resposta à pergunta que dá título a este texto é: sim! O sucesso de um projeto está diretamente ligado ao tempo de investimento do cliente. O envolvimento, a dedicação e a co-criação são os verdadeiros pilares que sustentam uma marca de sucesso.
Podemos recorrer a Pablo Neruda para ilustrar essa ideia: você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências. No fim, é o comprometimento ao longo de todo o processo que define o impacto e a longevidade de uma marca.